A região turística do Sul de Santa Catarina é conhecida como Rota Encantos do Sul. Trata-se de uma área bastante completa, com inúmeros museus, restaurantes, praias, serras, hospedagens, festas culturais, santuários e algumas estradas sinuosas que levam a alguns dos pontos mais altos do país. Uma cidade que adoramos conhecer e que faz parte dos Encantos do Sul é Criciúma. Estivemos por lá três vezes.

A primeira ida a Criciúma foi em junho de 2021, quando estávamos de passagem para a Serra do Rio do Rastro, localizada na SC-390 (antiga SC-438), estrada que possui trechos íngremes, com curvas acentuadas, sendo considerada uma das estradas mais bonitas e desafiadoras do Brasil e do mundo. Seu trecho mais famoso fica entre os municípios de Bom Jardim da Serra e Lauro Müller, no qual a estrada literalmente corta a Serra. Embora a pista seja estreita e não tenha acostamento, há muitas áreas de escape em que é possível parar para admirar a vista. Cada parada proporciona uma perspectiva única da geografia da região – linda e inesquecível de todos os ângulos – composta por uma vegetação exuberante, muitas cachoeiras e uma rica fauna. A história da Serra do Rio do Rastro começa no século XIX, quando tropeiros desciam o abismo do cânion para levar mercadorias para as cidades no pé da serra – mesma época do apogeu do carvão em Criciúma – e foi pavimentada apenas na década de 1980.

Serra do Rio do Rastro
Uma das paradas na SC-390 para avistar a Serra do Rio do Rastro

Voltamos para conhecer melhor Criciúma em novembro de 2021 e também em maio de 2022. Assim, nesse texto, vou contar um pouquinho da nossa experiência por lá nessas duas vezes. Além de desbravar a cidade, visitamos também algumas cidades próximas: Nova Veneza, Siderópolis, Urussanga, Içara, Forquilhinha, Cocal do Sul e Sombrio.

Em Criciúma, sempre optamos pelo Airbnb para nos hospedarmos. Em maio de 2022, nos hospedamos no Bairro Michel em um apartamento que nos encantou. Além de confortável, completo e aconchegante, o apartamento era realmente muito lindo e bem decorado. Nos sentimos em casa! Os anfitriões, Robson e Vamber, foram impecáveis nos detalhes de limpeza e de bom gosto, fornecendo toalhas e roupas de cama super limpas e de excelente qualidade e ainda deixaram uns mimos com bilhetinho de boas-vindas. Os quadros – muitos do artista Vamber Cabral – e livros de arte e de cidades e países remetem a bons momentos de viagens. O ambiente de escritório e salinha de TV era um charme à parte, assim como a janela de vidro da sala com uma ampla vista. Tanto o check-in quanto o check-out foram bem rápidos e práticos. Vale ressaltar que a localização desse Airbnb é excelente e, além de estar em um prédio novo, possui uma ótima vaga de garagem, espaçosa. Além de flexível, o coanfitrião Vamber foi sempre muito educado e querido com a gente nas mensagens, o que só aumentou a vontade de escrever aqui no Viaje Brunita sobre esse pedacinho cheio de charme em Criciúma. Super indico!

Criciúma: Airbnb San Michel em Criciúma, localizado no Bairro Michel
Airbnb San Michel em Criciúma, localizado no Bairro Michel

Criciúma, uma das maiores cidades de Santa Catarina, também está entre as cidades que mais crescem no estado. Inicialmente, foi colonizada por italianos, mas, ao longo do tempo, recebeu imigrantes de outras etnias, como alemães, poloneses, árabes, afrodescendentes, espanhóis e portugueses. O município também é um polo industrial, e seu subsolo contém uma das maiores reservas de minerais do Brasil, por isso ficou conhecido como “Capital Brasileira do Carvão”, assim como do “Revestimento Cerâmico”. Apesar de descoberto no século XIX, o carvão teve início do seu ciclo na cidade em 1913, ao serem encontradas as primeiras jazidas do minério. Esse fato foi o grande propulsor do desenvolvimento econômico do município, gerando empregos e atraindo investimentos.

Para conhecer esse mundo subterrâneo, há uma opção muito legal de passeio em Criciúma: visitar a Mina Octávio Fontana (Mina Modelo). Trata-se de uma mina desativada há quase duas décadas, e o local oferece uma visão sobre o processo de extração do carvão, cujo auge se deu entre as décadas de 1940 e 1970. O passeio é breve, todo feito em um trenzinho – réplica de uma locomotiva da década de 1920 – e conduzido por um guia que trouxe dados relevantes e sanou dúvidas. Por meio dessa visitação, os turistas têm a oportunidade de conhecer como era o modo e os instrumentos de trabalho dos mineradores, bem como sentir a dificuldade que os trabalhadores enfrentavam em uma mina. Só existem outras quatro minas no mundo que oferecem essa oportunidade, conforme informações disponibilizadas na visitação.

Criciúma: Mina de Carvão Octávio Fontana e a réplica de locomotiva usada para a visitação na mina
Mina de Carvão Octávio Fontana e a réplica de locomotiva usada para a visitação na mina

A exploração do carvão trouxe progresso, mas que, infelizmente, veio acompanhado de intensa degradação ambiental, afetando, por exemplo, o ar e os recursos hídricos e acarretando conflitos de uso do solo. A saúde de quem trabalhava nas minas sem a devida proteção, muitas vezes, ficava comprometida. Mesmo que o carvão seja bastante utilizado mundialmente como fonte de energia por apresentar baixos custos, trata-se de uma fonte de combustível poluente e, por isso, é cada vez mais crescente a busca por fontes renováveis e por alternativas de geração de energia, com foco nas usinas hidrelétricas e nas condições climáticas. A perspectiva atual é a de responsabilidade social e ambiental com redução da atividade carbonífera. A partir da década de 1970, o carvão foi dando lugar, aos poucos, a uma variedade enorme de investimentos industriais, que transformaram o perfil de Criciúma. No final da década de 1990, a exploração carbonífera diminuiu consideravelmente. Hoje, a cidade aparece como um centro tecnológico, cerâmico, plástico e de confecções, e a indústria da construção civil está em pleno crescimento.

O desenvolvimento forte da atividade de mineração em Criciúma estimulou a chegada da ferrovia que cortava a cidade e a ocupação populacional – que acabou acontecendo de forma desordenada – devido à expressiva busca por trabalho nas minas. Contudo, Criciúma não possuía infraestrutura suficiente para manter trabalhadores e suas famílias na atividade de extração do minério, principalmente porque a atividade representava os riscos e problemas de ordem social e ambiental, anteriormente citados. Naquela época, a cidade e sua estação ferroviária chamavam-se “Cresciúma”. O topônimo foi mudado para Criciúma em 1943 por iniciativa de um agente da Estrada de Ferro, a fim de simplificar o nome e evitar confusões na escrita. Atualmente, é possível avistar a palavra “Cresciúma” em uma reprodução histórica da primeira estação de trem da cidade (inaugurada em 1919 e integrante da Estrada de Ferro Donna Thereza Christina), situada do Parque das Nações.

O Parque das Nações Cincinato Naspolini – cujo nome foi colocado em homenagem a um ex-prefeito da cidade – trata-se de um parque amplo que, além do espaço para atividades esportivas e da réplica da estação ferroviária, conta com uma locomotiva, construída pelo Museu Ferroviário de Tubarão, em uma parceria entre a Prefeitura de Criciúma e a Ferrovia Tereza Cristina (FTC), inspirada em um modelo alemão da década de 1920. Não fizemos o passeio de trenzinho pelo parque, mas ficamos curiosos. Acho que se trata de uma opção bem divertida para quem estiver na cidade. É interessante comentar que o leito dos trilhos se tornou o que é hoje a Avenida Centenário.

Além do Parque das Nações, a cidade conta com outros três pontos turísticos relacionados ao carvão e à ferrovia. São eles: a Chaminé da primeira usina elétrica da cidade, que pertence à carbonífera Próspera, e está na praça de mesmo nome; o Monumento ao Mineiro, que foi erguido em homenagem aos homens que trabalham com carvão, tendo em vista que a cidade se desenvolveu através da extração do carvão; e o Memorial Casa do Agente Ferroviário Mário Ghisi, cujo imóvel foi construído na década de 1920 com o objetivo de abrigar o Agente Ferroviário da Estação e sua família. Sua construção está diretamente relacionada à construção da Estrada de Ferro Donna Thereza Christina. Ao ser construído o novo terminal urbano de Criciúma, a casa foi demolida em 1995 e reconstruída em 2001 por ordem judicial. Assim, o local se transformou no memorial da história do transporte ferroviário em Criciúma.

Criciúma possui outros parques e praças, além do Parque das Nações Cincinato Naspolini. Entre eles, estão:

  • A Praça Nereu Ramos, um dos ícones da cidade, localizada no Centro. Foi construída juntamente com seu jardim em 1917, no local em que a cidade se desenvolveu. Por ali, antigamente corria um rio em que os tropeiros paravam para dar água aos seus cavalos. Na praça, encontram-se o Monumento ao Mineiro, citado anteriormente, a Casa de Cultura Neusa Nunes Vieira, bem como a Catedral São José. Além disso, ao seu redor, há construções feitas pelos colonizadores, opções de comércio e gastronômicas.
  • A Praça do Congresso, que também fica no Centro, bem perto da Praça Nereu Ramos. Foi sede do Congresso Eucarístico Diocesano em 1946 e, por isso, se deu o nome do local. A praça é bastante arborizada e possui um lago, bem como bustos de Aníbal (ligado ao carvão) e Addo Caldas (que foi três vezes prefeito de Criciúma).
  • O Parque Municipal Prefeito Altair Guidi (Parque Centenário), cujo nome presta homenagem ao ex-deputado estadual e ex-prefeito de Criciúma, Altair Guidi. O parque é uma ótima opção de lazer e, anexos a ele, estão a Prefeitura Municipal de Criciúma, o Centro de Eventos de Criciúma – José Ijair Conti e o Teatro Elias Angeloni.
  •  O Parque dos Imigrantes, localizado no distrito de Rio Maina. É um parque bem amplo, sendo uma ótima opção para caminhar e relaxar. Costuma receber atividades artísticas e culturais, e seu nome homenageia os diversos imigrantes que chegaram a Criciúma.

Entre as opções culturais, é possível visitar também o Museu de Zoologia da UNESC (Universidade do Extremo Sul Catarinense); a Casa de Cultura Neuza Nunes Vieira (ou Arquivo Histórico); o Museu Municipal Histórico e Geográfico Augusto Casagrande, que foi inaugurado junto com a comemoração de 100 anos da colonização de Criciúma em 1980; e o Centro Cultural Jorge Zanatta –  também conhecido como Fundação Cultural de Criciúma –  que foi construído em 1940 para abrigar o Departamento Nacional de Produção Mineral. Esse último foi também instalação do serviço de água tratada da região, sede da Comissão Executiva do Plano do Carvão Nacional em 1962, prisão da ditadura militar em 1964, bem como sede do Conselho Nacional do Petróleo.

Criciúma: Réplica de estação ferroviária no Parque das Nações Cincinato Naspolini e registros no Parque dos Imigrantes (Rio Maina)
Réplica de estação ferroviária no Parque das Nações Cincinato Naspolini e registros no Parque dos Imigrantes (Rio Maina)

Visitar a Gruta Nossa Senhora de Lourdes ficou para a próxima. Percebemos que o  entorno dessa gruta de pedras, construída em 1946, é bastante agradável, com vegetação nativa e uma pequena fonte de água. Tal passeio trata-se de uma excelente opção para apreciar o ambiente, além de ser um local é cercado e bem cuidado.
Uma paixão dos criciumenses é seu time de futebol, que leva o nome da cidade: Criciúma Esporte Clube. Para quem gosta de futebol, é interessante conhecer o Estádio Heriberto Hulse (nome em homenagem a um importante político que nasceu na região), apelidado como o “Majestoso” pela torcida carvoeira.

Em relação à gastronomia, conhecemos alguns cafés, restaurantes e bares que gostamos muito. O Black Mug Special Coffee e o Box Hummm Coffee Shop são duas cafeteria muito fofas e modernas, com cardápio bem gostoso. O Container Food Park conta com várias opções de comida, em um ambiente bem animado e descontraído. Optamos pela Street Park Pizza e, de sobremesa, pelo açaí. Para quem deseja comer com uma vista linda da cidade, uma opção barata e prática é o buffet no almoço do Restaurante Família Rosso. Para quem preferir ir à noite, a vista é linda também, mas é servido rodízio de pizzas. E, por fim, não podemos deixar de citar o Complexo Let’s Drop, nosso queridinho e uma das opções mais completas na cidade para comer e para se divertir. No primeiro andar, conta com um gastropub com uma área aberta bem bonita e arborizada, no alto da cidade. Da parte interna, é possível ver o pôr do sol. Pedimos um prato de filé e outro de salmão, ambos deliciosos e acompanhados de risoto. Nossa escolha para a sobremesa foi brownie com sorvete. De drinks, a caipirinha de açaí com leite Ninho merece muuuitos elogios. Amei! No segundo andar, a partir das 19 horas, funciona o sushi bar. Tem vista para a cidade e também para o jardim do gastropub. A iluminação, o ambiente e a decoração do teto são maravilhosos. Renderam muitas fotos! No sushibar, pedi algumas peças, sendo alguns gunkans e as demais uramakis de salmão com avocado. O cardápio possui muitas opções de drinks também. Percebemos que, depois das 21h, o clima fica bem mais animado, estilo festa, pois tem dj, e as pessoas preferem ficar em pé.

Criciúma: Box Hummm Coffee e sua decoração iluminada; Restaurante Família Rosso com vista para a cidade; Black Mug Special Coffee, fofo e pet friendly; e o nosso queridinho Complexo Let's Drop (jardim do gastropub e jantar sushi bar)
Box Hummm Coffee e sua decoração iluminada; Restaurante Família Rosso com vista para a cidade; Black Mug Special Coffee, fofo e pet friendly; e o nosso queridinho Complexo Let’s Drop (jardim do gastropub e jantar sushi bar)

Aproveito para destacar a nossa ida a Criciúma nos primeiros dias de novembro de 2021. A decoração natalina já estava montada, com lindas e grandes estruturas em formato de àrvore de Natal, entre outros, e iluminava diversos pontos da cidade, como a Praça Nereu Ramos, a Praça do Congresso, o Parque das Nações Cincinato Naspolini, o Parque dos Imigrantes (Rio Maina).

Criciúma: Decoração de Natal no Parque das Nações, na Praça Nereu Ramos e na arborizada Av. Getúlio Vargas
Decoração de Natal no Parque das Nações, na Praça Nereu Ramos e na arborizada Av. Getúlio Vargas

Esperamos voltar em breve a essa região que tanto nos acolheu!

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